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119 | Boletim Informativo Embar

|   Junho 2016

Associação Nacional de Recuperação e Reciclagem de Embalagens e Resíduos de Madeira

Madeira - Segurança Alimentar

Foi publicado na revista científica do Instituto da Tecnologia Alimentar de Chicago “Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety” um artigo intitulado "Segurança microbiológica da madeira em contacto com alimentos: revisão crítica" (em inglês).

Este estudo demonstra que a natureza porosa da madeira, particularmente quando comparada com outras superfícies, não confere limitações do ponto de vista da sua higiene e que até pode ser uma vantagem da perspetiva microbiológica, porque lhe confere condições desfavoráveis para a proliferação de microorganismos. Adicionalmente, a madeira tem a particularidade de ter compostos antimicrobianos que inibem o crescimento de microorganismos patogénicos.

Este artigo faz a revisão crítica e a compilação de estudos científicos realizados, nos últimos 20 anos, acerca da madeira utilizada em contacto com alimentos e o trabalho foi realizado por especialistas em França, Espanha e Alemanha.

O artigo está disponível para leitura -"Microbial Safety of Wood in Contact with Food: A Review"

Embalagens de madeira

A FEDEMCO - Federación española del envase de madera, elaborou um vídeo que mostra a utilização tradicional das embalagens de madeira para transportar peixe, assim como as propriedades higiénicas destas embalagens quando utilizadas para acondicionar os mais diversos produtos alimentares.

O vídeo está disponível em castelhano, francês e inglês.

Notícias
Junho 2016
Eventos

Seminários florestais no decurso da Feira Nacional de Agricultura

8 e 9 de junho de 2016

Feira Nacional de Agricultura - CNEMA - Sala Scalibis

Santarém, Portugal

The 6th China International Wood Expo 2016

5 a 7 de julho de 2016

Shanghai New International Expo Centre

Shanghai, China

EPF Annual General Meeting

6 a 8 de julho de 2016

Veneza, Itália

Legislação

Portaria n.º 167/2016, de 2016-06-15

Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

No ano de 2016, o período crítico no âmbito do Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios, vigora de 1 de julho a 30 de setembro, e nele devem ser asseguradas medidas especiais de prevenção contra incêndios florestais.

Portaria n.º 150/2016, de 2016-05-25

Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

Estabelece o regime de aplicação da ação n.º 4.0.1, «Investimentos em produtos florestais identificados como agrícolas no anexo I do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE)», e da ação n.º 4.0.2, «Investimentos em produtos florestais não identificados como agrícolas no anexo I do TFUE», ambas inseridas na Medida n.º 4, «Valorização dos recursos florestais», do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente

Portaria n.º 151/2016, de 2016-05-25

Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

Criação do Sistema de Aconselhamento Agrícola e Florestal (SAAF)

Portaria n.º 152/2016, de 2016-05-25

Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

Estabelece o regime de aplicação da ação n.º 10.2, «Implementação das estratégias», integrada na medida n.º 10, «LEADER», da área n.º 4 «Desenvolvimento local», do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, abreviadamente designado por PDR 2020

Cantinho do Pinheiro

Eucalipto da nossa má consciência!

Enquanto “a Floresta” e os florestais aguardam a revisão da legislação que o Ministro da Agricultura já prometeu (designadamente do RJAAR), o grupo parlamentar do partido ecologista “Os Verdes” organizou uma Audição Pública Parlamentar sobre política florestal. Teve lugar a 26 de abril e tratou de “Políticas públicas para a promoção de uma floresta sustentável, alicerçada na diversidade florestal e nas espécies autóctones”.

A Associação Sistema Terrestre Sustentável, conhecida pela Zero, fez na reunião algumas propostas, por exemplo relativas ao cálculo e divulgação da área de eucalipto atual e à articulação dos planos de ordenamento florestal às respetivas regiões hidrográficas.

Foram 7 as propostas e apontam para o não alargamento do eucaliptal, para o minorar dos impactes no meio e na biodiversidade, para melhorar o índice de autóctones e produtoras de madeiras nobres, e apontam prioridades da pesquisa científica florestal.

Vou referi-las e comentá-las:

. Pede a Zero para atualizar o valor da área de eucaliptal, que já ultrapassou a apurada pelo IFN de 2010 (812 000 ha), e atinge, no mínimo, 850 000 ha, em boa parte conseguida com a aplicação do RJAAR. Não será difícil, mesmo sem novo IFN, fazer este apuramento com ajuda da respetiva cartografia originada aquando da aplicação daquele Regime e com isto pretenderá a Zero provar que o eucalipto já galgou bastamente a área oficial e, assim, demonstrar que deve ser estancado o seu aumento.

A mim não me parece que seja uma operação que surta qualquer efeito especial, pois não constitui base para se poder dizer que já basta de eucaliptal, como a Zero e muitos outros pensarão. Não sei se basta ou se não basta em face da capacidade papeleira instalada, mas o que sei é que é muita a sua área, que não induz a biodiversidade que faz falta, e que não ajuda a fileira do pinho nem as outras, tão pouco a conter os fogos. Se bem que, como todos sabemos, muito eucaliptal aparece “por obra e graça…”, serve, todavia, para sabermos, mais ou menos, do que estamos a falar.

. A Zero conta com a revisão do RJAAR para assegurar duas coisas: um regime de quota para o eucalipto, num balanço zero resultado do incremento da produtividade atual e de aumento da área, compensado pela reversão de áreas fracas a autóctones e da utilização das áreas mais férteis para o dito, bem como da valorização da pequena propriedade localizada em áreas classificadas; e conta também que a revisão salvaguardará a compartimentação da floresta nova ou rearborizada de pinhal e eucaliptal, com vista à contenção dos riscos de incêndio e ao incremento da biodiversidade geral com recurso a vegetação ribeirinha e autóctone.

A isto tenho a dizer que, por princípio, remeter o pinhal bravo e as outras autóctones, designadamente as espécies de lenhos nobres, para os piores terrenos é errado. Se já basta de eucalipto, pode e deve utilizar-se a oportunidade para rever a prática de destinar sempre as melhores terras para ele e as piores para as outras espécies. Essa não é uma prática que assente em boas regras de silvicultura e que auxiliou a que o eucalipto suplantasse o pinhal, por exemplo. Aquelas serão, neste território, espécies com menos rápido crescimento que o eucalipto, mas experimente-se inverter a regra e a dar-lhe a silvicultura e a gestão adequadas e veja-se o resultado nos respetivos crescimentos. Ou seja, tem-se baseado a escolha das espécies no pressuposto falso (ou será peso na consciência) de que apenas ao eucalipto devem dar-se os terrenos mais férteis (eventualmente para o conter por essa via) e as outras que se contentem com os piores. Não querem experimentar fazer o contrário? Recorde-se que os eucaliptos “apenas” são muito eficientes na gestão da água e até são originárias de regiões áridas e semiáridas; o pinheiro e muitas das outras nossas espécies, nem por isso.

Em suma, o que eu acho é que se deve colocar, dentro do possível, as espécies em boa ou ótima situação edafo-climática, em especial se se lhes quer exigir bons resultados; seja que espécie for. Para as estações inferiores devem ir espécies, estas e outras, com a pretensão de que elas ocupem os espaços, os protejam e/ou os renaturalizem, sem esperar delas elevadas produções lenhosas; é em lenho que estamos sempre a falar.

. A Zero quer rever e atualizar as metas suspensas dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF), torná-las obrigatórias e articuladas com a informação do IFN para garantir o seu cumprimento e, ainda afirma que os PROF têm toda a vantagem em coincidir com as Regiões Hidrográficas respetivas e de fazer-se a gestão do seu coberto como meio de maximizar a proteção dos recursos hídricos. Parece-me ser esta regra, velha como a silvicultura, fatalmente lógica e correta. Estranha-se que isto tenha vindo a ser apenas indicativo o que, como sabemos, entre nós é o 1º passo para não se lhe ligar nenhuma.

. A revisão da RJAAR, entende a Zero, deve incluir a dispensa de autorização e comunicação prévia de arborizações com autóctones se, também, para promover a conservação do meio, desde que se respeitem as boas práticas florestais e haja articulação regional.

Acho que preceitos destes poderiam aligeirar os processos, sim, mas esbarram com o mau funcionamento dos serviços. É esta a esta questão. Portanto, enquanto se não mexer a dinâmica florestal regional, nem com projeto nem sem ele se apoiará nem regulará nada que valha a pena.

5ª e 6ª. A Zero propõe definir e adotar medidas de discriminação positiva e benefícios fiscais para amortecer as menores produtividades, é o mal menor que sempre se propõe quando se quer incentivar as espécies de lento crescimento e as falhas de mercado nas espécies nobres, por exemplo. No entanto é um aspeto que sempre me causa algumas reticências e dúvidas na sua eficácia. Cheira-me sempre a segurar as pontas quando elas se deveriam segurar por si próprias. Dá para compreender?

. O apoio à investigação florestal, nomeadamente sobre controlo de espécies invasoras, preparação das estações e gestão de combustíveis, apontado como importante pela Zero, é sempre bem vindo às equipas de investigação desta área de conhecimento. Porém não pode ignorar-se que é uma área de saber que sempre trabalhou e acumulou conhecimento, desde que me conheço; nos organismos públicos e nos privados. Não obstante pode queixar-se (eu sei do que falo), de sempre ter sido bastante depreciada e menorizada. O nosso florestal sabe tudo sobre floresta e já está tudo descoberto, é o que se sente no meio. Até parece que quem já viu uma árvore a crescer, sabe tudo sobre floresta. Desculpem lá este sarcasmo todo.

Haverá sempre, naturalmente, mais qualquer coisa a estudar mas, até porque não é uma área em que se obtêm resultados no curto prazo, não se pode esbanjar recursos a repetir estudos. O que aconselho, portanto, é que se leia o que está publicado. Este deve ser o primeiro passo. Sem dúvida!

Bem sei que não há uma revista de divulgação e vulgarização do conhecimento científico florestal que facilite, mas a verdade é que o desperdício do saber disponível é enorme.

Portanto, proponho que se apoiem ações experimentais para a realização de estudos algo complementares muito específicos, cujas linhas de trabalho também contemplem ações de extensão florestal que descodifiquem o saber e ensinem a aplicá-lo. Não vale a pena “voltar a descobrir o que já foi descoberto”. Basta aprender a aplicá-lo.

Mário Pinheiro