A hora dos palpites…
Entre 1 de janeiro e 31 de agosto, registaram-se 14.143 ignições que queimaram 94.155 hectares de espaço rural, anunciou o ICNF.
E, mais dramático ainda, aquela calamidade está na origem da perda de oito vidas humanas.
Não há soluções na manga, mas isto tenho como certo - o Estado não pode continuar a gastar quatro vezes mais no combate que na prevenção dos incêndios, como até aqui. Quanto mais se investir na prevenção menos será preciso gastar no combate; e o total será menor. Não é isto evidente? Pelo menos, experimente-se no ano que vem!
Além disto, é preciso articular aquelas duas ações e demonstrar a importância da gestão florestal para que se ache que vale a pena fazê-la. Se não, ninguém a fará! Nem a bem nem a mal.
E daqui a um ano estaremos todos, mais uma vez, a dar palpites!
Ciprestes 52 mil anos à espera da ciência
Julga-se que foi posta a descoberto em 2005, aquando da passagem do furacão Katrina pelo Golfo do México. Preservadas, ao ponto de ainda cheirarem a madeira fresca, por espessas camadas de sedimentos marinhos que as cobriram durante 52.000 anos, apareceram agora aos mergulhadores da Fundação americana Weeks Bay que ali pesquisavam a flora e a fauna oceânica. Trata-se duma floresta de ciprestes que terá ocupado cerca de 130 hectares, afundada a 18m de profundidade a vários quilómetros da costa do Alabama, EUA.
O estudo dendro-crono-climatológico dos anéis de crescimento daquelas árvores, muitas seculares ou até milenares, poderá ajudar a conhecer a história climática do golfo. É que neles estão, como em todas as árvores, registados os efeitos das variações climáticas ocorridas durante toda a sua vida!
Sequoias que regulam o clima “desde o século IV”
Estudos dendrocronológicos completos das sequoias do norte da Califórnia realizados pela Redwoods and Climate Change Initiative, revelaram que esta espécie teve uma capacidade de crescimento em altura e diâmetro inigualável nas últimas décadas. E com uma capacidade de fixação de carbono triplo do de outras espécies em todo o mundo. Revelam-se, portanto, com uma aptidão especial para sobreviver às alterações climáticas, enquanto são peculiares reguladoras naturais dos excessos de carbono na atmosfera.
E não se pense que a amostra estudada, com mais de 70 árvores, é constituída por árvores velhas. Ela é constituída por árvores muito velhas; nascidas por volta do ano 328, portanto com cerca de 1865 anos!
“Pilhas” de madeira
As baterias de lítio que todos utilizamos têm um ótimo desempenho, mas são muito caras e nada amigas do ambiente. As de iões de sódio, também boas armazenadoras de energia, muito mais baratas e sem impacte ambiental relevante, pecam por suportarem, em bom estado, apenas cerca de 20 recargas. A deficiente recuperação do inchaço do ânodo durante este processo torna-as pouco interessantes.
Investigadores americanos da Universidade de Maryland experimentaram utilizar a capacidade natural das fibras de madeira, revestindo de nanotubos de carbono condutores uma fina folha de papel para construir uma bateria de iões de sódio. A madeira suporta, como na natureza, o inchaço e a contração, o que permite que o ânodo da bateria resista a mais de 400 ciclos de carga/descarga. No final o papel fica enrugado, o que parece constituir uma mais-valia para esta pilha de longa duração. Aquele comportamento das fibras lenhosas alivia a tensão durantes os ciclos de carregamento e dá flexibilidade à bateria.
Ora aqui está mais uma potencialidade destes seres maravilhosos - as árvores!
Mário Pinheiro